Resenha HQ: Três Sombras

Uma história sobre relações familiares, um conto de suspense e a narrativa de uma viagem épica. Essas três definições cabem à graphic novel Três Sombras, do francês Cyril Pedrosa. Os três estilos se alternam com a mesma suavidade que o artista imprime nas páginas em preto e branco. A arte fluida e de traço livre dá vida a personagens representados de forma cartunesca, sem abrir mão da expressividade de cada momento.

Três sombras fala sobre perda e aceitação. Enquanto algumas pessoas não aceitam a perda até o último instante, outras nunca a admitem. É como voltar para casa após uma longa viagem e sentir saudades de tudo o que conheceu. A tristeza pesa, mas é preciso continuar. Não se trata de uma história surpreendente, mas o roteiro mantém o interesse pela narrativa até o final.

Somos apresentados no álbum à Louis e Lise que vivem numa casinha de campo juntos com seu filho Joachim. A vida é parnasiana e bucólica, nada falta para a família. Até que um dia chegam as três sombras do título. A partir daí a história se alterna entre momentos infantis e assustadores.

O autor cria uma ótima ambientação para cada passagem e capricha nos personagens. As ações deles são coerentes. Desde a velha Pique até os companheiros de viagem no barco, todos têm motivações críveis. Ao revelar o que há de mais importante para cada personagem, Pedrosa reforça o consequente medo da perda.

Com os protagonistas não é diferente. A tristeza de Lise, a obstinação de Louis e a sinceridade de Joachim fazem sentido com o desenrolar da trama. Mesmo ao apresentar um mundo em que coisas fantásticas e sinistras acontecem a todo tempo, as emoções humanas estão todas ali, sempre presentes. E nada disso passa despercebido por Joachim, que tudo interpreta ao seu modo.

O maior mérito da história é a cumplicidade que busca manter com o leitor. O autor criou uma relação entre o que os desenhos mostram, o que os personagens falam e o que ambos deixam que o leitor complete por si só. É com a compreensão de como esses três elementos se completam que Cyril Pedrosa escreveu uma fábula bonita e envolvente.

Amanhã tem Esquenta da Virada Cultural

A Avenida Epaminondas, no centro de Manaus, servirá de palco neste sábado, 28,  para o “Esquenta da Virada Cultural 2011”. Tendo como pano de fundo a Praça da Saudade, o público curtirá gratuitamente mais de 10 atrações culturais no evento organizado pela ManausCult.

Uma das novidades da festa é a presença do balé aéreo Cia. Indios.com, além de 08 artistas de teatro e 08 artistas de circo, que irão interagir com o público.

Entre as atrações estão os artistas locais Nicolas Jr, Ketlen Nascimento, Grupo Cordão do Marambaia e a  Banda Oficial ‘80 . Para fechar a noite,  tem  Claudio  Zoli e banda. A programação completa do Esquenta você pode conferir aqui.

Agende: I Encontro Estadual de Ativistas Digitais do Amazonas

No dia 28 de maio o ocorre o I Encontro Estadual de Ativistas Digitais do Amazonas. O objetivo do evento é reunir blogueiros e usuários de redes sociais como Twitter e Facebook afim de discutir sobre o papel que todos têm desempenhado para ampliar as fontes de informação na sociedade.A inscrição é gratuita e para participar basta enviar um email para ativistasdigitaisam@yahoo.com.br com as seguintes informações:

Nome, blog, twitter, facebook, telefone, profissão e escolaridade. Se você não mora em Manaus, é importante especificar se precisa de alojamento.  
I Encontro Estadual de Ativistas Digitais do Amazonas
Quando: 28 de maio, de 08h às 17h
Onde: Auditório da unidade 7 (Direito) da Uninorte, localizado na Rua Emilio Moreira, 601, Centro. Próximo a torre da Embratel e da UEA de Artes e Turismo.
Quanto: gratuito

Os Hermanos estão dando aula de cinema: Abutres

Arriscar tudo. Aprender que a hora de fazer seu melhor não é a esperada, mas sim a que surge a sua frente. Arriscar em uma história não convencional. E descobrir que escrever com a câmera é bom, mas com um roteiro interessante, é melhor ainda.
Esses são conceitos básicos de se fazer um bom cinema, afinal, qualquer bom diretor que se preze irá atrás de um bom roteiro para fazer um filme. Ele também se arriscará a contar histórias que a maioria dos gênios ignora por não serem convencionais ou muito menos de acesso geral.
Mas este risco, o de tatear no escuro, de entender que o que (ainda) não foi mostrado é melhor do que chover no molhado é algo novo para cá dessas bandas do cinema latino. Meirelles apostou nisso quando fez “Cidade de Deus” – afinal, quando que um filme que traz a história de uma rede criminosa faria sucesso entre os cultos e os populares? – o argentino Juan José Campanella também mostrou um olhar diferenciado ao realizar comédias dramáticas como “O Filho da Noiva” e “Clube da Lua” e ao apostar suas fichas no excelente filme “O Segredo dos Seus Olhos”, no ano passado.
O que faz este artigo andar entre Brasil e Argentina é o fato de os Hermanos saírem do lance popular, ao contrário de nossos trabalhos tupiniquins. Não há tanta gana em se utilizar de “astros da TV” – até mesmo porque, na Argentina a televisão dá mais prioridade a informação que a ficção – para chamar o público.
Essa função é exercida pelo hábito – algo que adormece e acorda por essas nossas bandas. Que o cinema brasileiro cresceu, isso ninguém nega, mas a abertura para trabalhos diferenciados, com histórias não convencionais e que preferem ser aceitas em um nicho ao invés de agradar a uma maioria, praticamente não existe, isso é fato.
É por isso que um filme como “Abutres” deve ser visto por você. Um filme duro na temática – uma rede de advogados que vive de explorar pessoas mais carentes e que sofreram acidentes de trânsito, uma verdadeira máfia – que explora seus personagens de forma mais real que dramática – as cenas de improviso são notáveis – e que por meio de vários planos-sequência, cria um labirinto que você torce para achar a saída, junto ou não daquelas pessoas.
 “Abutres” incialmente deixará você confuso, mas é uma sensação agradável, como nos filmes do diretor mexicano Alejandro González Iñárritu (“Amores Brutos”, “21 gramas” e “Babel”). O impacto do final da história é que é mais avassalador que no dos filmes do mexicano. É fulminante e marcante para os seus personagens.
Com certeza, um dos melhores filmes que vi este ano. Recomendo, nota 9,0!

Texto por Rodrigo Castro

Publicado originalmente em A Sétima e todas as artes

Vagas para cursos de artes em Manaus

O Liceu de Artes e Ofícios Claúdio Santoro  está com inscrições abertas para alguns cursos de Artes Plásticas e de Teatro. As inscrições são realizadas no Bloco F – Administração, Setor de Informações, no Centro de Convenções – Sambódromo, no horário de 08:00 às 12:00 horas e das 14:00 às 17:00 horas.

Núcleo de Artes Plásticas:

Curso Básico de Pintura e Desenho

O curso tem por objetivo desenvolver as técnicas básicas de pintura e desenho, trabalhando as possibilidades e os efeitos técnicos que a pintura e o desenho permitem, aliando os lados criativos, expressivos e técnicos.

Período do curso: Abril a Junho

Público Alvo: a partir de 14 anos

Horário: Ter/Qui/Sex 14/17 h

Nº Vagas: 20

Professor: Nelson Falcão de Souza

Pintura em Tela

O curso tem como proposta a descoberta das opções e possibilidades que a pintura permite, desenvolvendo a capacidade técnica, como a manipulação de cor, valor e textura, sendo abordadas questões de conteúdo e representação.

Período do curso: Abril a Junho

Público Alvo: a partir de 14 anos

Horário: Ter/Qui/Sex 14/17 h

Nº Vagas: 40

Professor: Manaus

 Curso de Caricatura

Tem como proposta ensinar a arte de se criar cartuns e caricaturas aos iniciantes interessados, ensinando a arte e a técnica da elaboração de caricaturas, com exercícios de criação de personagens, distorção de rostos, e o uso de humor.

Período do curso: Abril a Junho

Público Alvo: 08 a 12 anos

Horário: Ter/Qui/Sex 08/11 h

Nº Vagas: 40

Professor: Gilmar Melo

Núcleo de Teatro:

Teatro de Bonecos

O curso propõe a realização de pesquisa e experimentação em torno de seus materiais e dos métodos de construção, manipulação, dramaturgia do teatro de bonecos.

Período do curso: Abril a Junho

Público Alvo: a partir de 13 anos

Horário: Seg/Qua/Sex 14/17 h

Nº Vagas: 25

Professor: Nonato Tavares

Maiores informações nos telefones: 3232-2440 / 3232-2488 ou pelo e-mail: secretaria.liceu@culturamazonas.am.gov.br.

Resenha HQ: Scott Pilgrim contra o Mundo Vol. 3

E finalmente foi lançado no Brasil o último volume da história em quadrinhos feita em 8 bits Scott Pilgrim contra o Mundo. Para quem nunca leu ainda dá tempo. É a história de como o protagonista Scott abandona sua preciosa vidinha para conquistar sua hora e vez. Esse último volume começa com a promessa de um grande clímax, com a chegada à cidade dos gêmeos Katanayagi e de Gideon, o líder da Liga dos Ex-Namorados do Mal da Ramona.

Quem chegou até aqui esperando muita pancadaria e referências pops não vai se decepcionar. São mais de 400 páginas de lutas contra robôs, teletransportes, manobras de ataque gamers, viagens pela rodovia subespacial, controle mental, perdas de níveis, frases de efeito, música boa e bandas ruins. E tudo aquilo que vai fazer você se sentir como num longo e agradável vídeo-game.

E o autor Brian Lee O’ Malley não para por aí. Nesse volume ele aprofunda a metáfora em que cada ex-namorado derrotado é um “ nível” a mais que o namoro de Scott e Ramona ganha. É nessa parte que o autor deixa claro qual é o principal mote da história de Scott. São as mudanças por quais passamos para sair de nossas vidinhas medíocres e passarmos para a “ próxima fase” .

Para Scott essas passagens sempre aconteceram à medida que ele derrotava vilões, salvava garotas ou aprendia a tocar uma música nova. Mas para zerar esse “ jogo” ele terá que fazer bem mais que isso. E isso não diminui a importância dos vilões, do teleporte, dos amigos de batalha: essas coisas se complementam, todas são importantes.

Esse último volume também retrata as mudanças pelas quais todos os personagens passaram. As diferenças que eles demonstram quando são comparados com os primeiros volumes são nítidas ao leitor, ainda que não sejam perceptíveis ao próprio protagonista. Em dado momento O’ Malley sentencia por meio de uma personagem: “ Eu sei que eu estou diferente. Todo mundo está diferente” .

Quem assistiu ao filme ainda vai ter boas supresas ao ler o final da HQ. A produção de Edgar Wright teve que cortar muita coisa para caber na telona, de forma que os quadrinhos valem a pena ser lidos. Prepare-se para descoberta de qualidades ou podres de alguns personagens, incluso o nosso heróico protagonista.

Ao final fica a vontade de ter conhecido melhor os ótimos coadjuvantes da série, que não tiveram espaço para serem tão bem retratados nas mais de 1.200 páginas totais. Ao vermos Kim Pine, Stephen Stills, Knives Chau e tantos outros, percebemos o quanto mudaram, mas não tivemos tempo de saber como aconteceu. Estávamos ocupados demais acompanhando Pilgrim em sua quest.

Caso sinta aquela deprê pós-história-legal não se surpreenda. Difícil é não se identificar com Scott e sua turma de amigos. Afinal, todo mundo já levou um fora quando estava apaixonado ou já teve que voltar pro início do jogo por conta de um chefão apelão. O importante é tentar de novo.

Com quantas cotas se faz um show?

Costuma-se esperar anos para poder ir num show de uma banda que você gosta. Às vezes elas precisam acabar e retomar as atividades pra daí (quem sabe) elas darem um pulinho no país e você levantar uma boa grana pra ir ao show.  Não esqueça também de contar com a sorte para os organizadores trazerem os artistas. Mas agora as possibilidades de depender da sorte diminuíram. Graças a sites como  Mob Social, o público como eu, você e mais uns doidos por shows, pode se mobilizar pra tentar trazer músicos que gostaríamos de ver tocar até mesma na nossa cidade.

O Mob Social é um site do Brasil baseado no crowdfunding, que é um financiamento coletivo onde as pessoas compram cotas para garantir o show. É  importante  que você divulgue para  outras pessoas “comprarem a sua causa” e assim conseguir a quantia necessária para trazer o show. Caso a mobilização não dê certo, o seu dinheiro é reembolsado integralmente. Um dos resultados dessa iniciativa foi o show da banda norte-americana The Misfits. A banda teve sua agenda de shows no Brasil estendida e tocou em março no Rio de Janeiro devido à mobilização dos fãs no  Mob Social.

Outro site que também funciona por meio do financiamento coletivo é o Queremos. O site já mobilizou shows do LCD Soundsystem, Vampire Weekend e até do Belle and Sebastian, que acontecerá no dia 12 de novembro. No caso do Queremos, os shows são realizados no Rio de Janeiro.

Dada a dica, espalhe para seus amigos essas iniciativas e mobilize-se para garantir um show da sua banda favorita!

Curta o curta: Recife Frio

Quando uma das cidades mais ensolaradas do Brasil se vê diante de uma inexplicável mudança climática nada mais faz sentido. Esse é o mote do curta Recife Frio de Kléber Mendonça. O filme, que tem forma de um documentário estrangeiro, já foi  premiado em vários festivais de cinema, incluindo o de Brasília.   Vale o clique!

Parte 1

Parte 2

Uma lua no céu, 10 pãezinhos na mesa pt.3

Acompanhe a  tão esperada parte final da entrevista com os quadrinistas Fábio Moon e Gabriel Bá.

Daytripper, Manaus e o futuro

O último trabalho de vocês, Daytripper, está fazendo muito sucesso nos Estados Unidos e na Austrália. Sobre o que se trata a história e quando ela será lançada no Brasil?

Gabriel Bá – O Daytripper é uma história sobre um cara chamado Brás que quer ser escritor. Contamos a história mostrando vários momentos na vida dele que foram importantes para ele se tornar o homem que ele é, momentos que construíram seu caráter. Queríamos trabalhar com a ideia de que qualquer momento na sua vida pode ser importante pra você. Não precisa ser um super acontecimento global, às vezes terminar um relacionamento pode ser algo que vai mudar sua vida dali pra frente. Ou conhecer uma pessoa. Ou publicar um livro, sua vida vai mudar antes ou depois, você começa a enxergar de outro jeito. Como as coisas que acontecem na sua vida vão te transformando e vão construindo sua personalidade. Basicamente, é isso.

Nas  histórias  vocês costumam captar a aura, essência de uma cidade. Como é esse processo?

Fábio Moon – A gente começou focando em São Paulo porque era a realidade que conhecíamos.

GB – Sempre gostamos de autores que usam o cenário para ajudar a história. Quando éramos moleques, lemos o Edifício do Will Eisner. A gente também adorava as histórias do Laerte, porque elas se passavam em São Paulo e nós conhecíamos as ruas, casas e calçadas. Então isso nos influenciou muito, de como você pode agradar o leitor se você caprichar no cenário, colocar um lugar que ele reconheça, pois ajuda o leitor a entrar na história. Sempre pensamos em lugares que façam sentido na história que estamos contando. Quando você trabalha bem o lugar, cria uma camada que pode ser tão interessante quanto o personagem criado.

Durante a pesquisa para produção da Daytripper vocês estiveram em Salvador, cidade na qual se passa a segunda parte da história. Essa experiência deu certo? Ajudou na narrativa?

FM – Não é uma prática comum, mas acho que faz a diferença às vezes. Depende de onde você vai, do que a cidade vai fazer parte da história. Eu acho que fez diferença no Daytripper… a gente pretende fazer sempre que achar que é necessário… (risos)

GB – Estamos em Manaus… (risos) e não só à turismo…

FM – Tem que ter um propósito, porque senão acabamos usando apenas o cartão postal da cidade que a gente não mora, não conhece. E aí depende do propósito, se for só o cartão-postal, tudo bem. Mas se for algo que precise de uma intimidade maior com a geografia da cidade, com o jeito que as coisas acontecem, aí faz diferença.

Se fossem escolher alguma cidade brasileira para aparecer em um futuro quadrinho, qual seria?

GB – Viemos para Manaus para isso, vamos para São Luís, no Maranhão para isso, então… pretendemos ir para o Rio para isso… então.. não sei…

E essa vinda para Manaus e São Luiz vai ser vir para a mesma história?

FM – Ah, isso é segredo (risos). Fazer quadrinhos demora muito tempo, então, como nenhum dos nossos projetos vai sair nos próximos dois anos, nós achamos que divulgar uma coisa numa notícia que só sai daqui a dois anos, não funciona. Já ficamos sem jeito de falar de Daytripper que só sai no fim de agosto… por isso não entramos em detalhe dos projetos futuros porque senão as pessoas esquecem…

E os próximos projetos? No que vocês trabalharão durante 2011?

FM – No Brasil nada sai novo em menos de dois anos, quer dizer Daytripper é lançado no Brasil em Agosto.

GB – Para fora do Brasil tem um Casanova novo, que deve sair em setembro nos Estados Unidos.

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A equipe do Maodita agradece imensamente  a Gabriel Bá e Fábio Moon não só pela entrevista, mas também por nos presentearem com  histórias que sempre são mais do que personagens e cenários. São sentimentos.

P.S. Durante o 1º Encontro Quadrinhos na Cia, que aconteceu no sábado, 21 de maio de 2011, Gabriel Bá e Fábio Moon abriram o jogo e revelaram que estão adaptando para os quadrinhos a obra  Dois Irmãos, do amazonense Milton Hatoum.

Parte 1

Parte 2